Shiva Shambho - Nasmaté

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O Peixe do Chifre de Ouro

Claude-Catherine Ragache - Francis Phillips
Tradução de Ana Maria Machado

Disponível em:
http://www.edukbr.com.br/estudioweb/ativ_antigas/mitolgia/2.htm

Ao nascer do Sol, o sábio Manu estava à beira do rio sagrado, entregue a suas abluções rituais. Recolhendo água fresca nas mãos juntas, jogava-a sobre o corpo, pronunciando orações.
Nisto, o sábio trouxe à superfície um peixinho minúsculo, todo agitado, cujas escamas brilhavam como ouro. Na cabeça, ele tinha um chifre meio estranho. Manu ficou intrigado.


- A que espécie pertence este peixe esquisito? - perguntou de si para consigo.

Esquecendo as orações, revirava o peixe na palma da mão. Então, uma vozinha lhe implorou:

- Sábio Manu, por favor, não me jogue de novo no rio! Não posso defender-me dos peixes grandes, que me comeriam de uma só vez...

- Este peixe deve ser um mensageiro dos deuses, pois sabe meu nome... - pensou Manu. Segurando cuidadosamente o animalzinho minúsculo, voltou o mais depressa possível para casa. Chegando lá, encheu uma jarra com água fresca para o peixe.

Várias vezes durante o dia, Manu foi olhar a jarra. Tudo corria bem: o peixe nadava à vontade, decerto feliz por estar em segurança. Mas Manu tinha a impressão de que ele crescia. A cada olhada, achava-o maior.

- Não, não é possível! - disse a si mesmo. - Devo estar ficando maluco com esta história!

Cansado de tantas emoções, Manu deitou-se mais cedo que nos outros dias e dormiu como uma pedra.

Na manhã seguinte, foi despertado por uns barulhos que vinham de dentro da jarra. Levantou-se correndo e chegou bem a tempo. O peixe dourado, cem vezes maior, ocupava todo o espaço disponível. Já não sobrava nem uma gotinha de água. Manu pegou a jarra, correu até o charco mais próximo e jogou o peixe lá dentro.

Voltou para casa preocupado com o que iria acontecer. Na manhã seguinte, o charco ficara pequeno demais para seu novo habitante. Então, Manu estava desesperado. Em primeiro lugar, estava ficando difícil transportar o peixe, cada vez mais pesado. Depois, não sabia como aquela história iria acabar. De qualquer modo, conseguiu levar o estranho animal até o mar, fazendo-o descer por um grande rio.

O animal atingira um tamanho gigantesco. Suas escamas douradas fulguravam ao Sol. Para olhar o peixe, Manu (que ficara na praia) precisava apertar os olhos. Antes que o bicho se afastasse, o homem gritou:

- Não posso fazer mais nada por você... Posso saber quem é?

- Pode, sábio Manu. Chegou o momento de satisfazer sua legítima curiosidade. Sou Vishnu, o deus que cuida da ordem do mundo. Deixei minha morada celeste porque o mundo corre perigo. Em breve, a Terra será submersa por um dilúvio, e todas as criaturas que nela vivem se afogarão. Se você não seguir minhas instruções, a vida desaparecerá. Pois, sábio Manu, eu o escolhi para salvar todas as espécies.

Consciente da importância da missão que Vishnu lhe confiava, Manu aceitou sem hesitar.

- Tomei a forma de um peixe para atraí-lo ao oceano - explicou o deus. - Agora, vou mandar-lhe um barco bem grande, em que caiba um casal de cada espécie animal que vive na Terra. Reúna-os depressa. Traga também sacos com sementes das sete variedades de arroz. Para cuidar da segurança do navio, manterei minha forma de peixe.

Foi assim que Manu, ajudado por Vishnu, preservou a vida na Terra.
No auge do dilúvio, quando a tempestade varria o oceano, Vishnu pediu socorro à grande serpente divina Ananka, que vive escondida no eixo do mundo. Ananka desenrolou-se, e Manu utilizou-a como corda para amarrar o barco ao chifre de Vishnu. Guiado pelo deus até as montanhas, o sábio pôde esperar em segurança que as águas baixassem.

4 comentários:

Danne Quadros disse...

Quem concedeu o dom a rei Manu? Qual dom ele escolheu?

Anônimo disse...

Brahma,ser protetor de todas as criaturas animadas e inanimadas

Unknown disse...

As atitudes de manu ao longo de toda a narrativa revelam uma preucupaçao individual ou com bem comum ? Explique

Unknown disse...

Eu quero saber oque foi o que ele escolheu não isso ai